Uma exposição do pintor russo Wassily Kandinsky, fundador da arte abstrata, abre as portas dia 12 de Março, no Bozar, em Bruxelas. Impressões de lugares, mitos e contos de fadas, literatura e música forneceram a inspiração a este nome marcante da pintura do século XX.
Evgenia Petrova, curadora da exposição, explica que “sempre que a pintura, a arte, expressa um sentimento, uma emoção, consegue captar a atenção do público. Kandinsky expresssava emoções muito fortes nos seus quadros e talvez seja por isso que se tornou tão popular”.
Os quatro núcleos, com trabalhos de 1901 a 1922, abragem mais de 150 obras, que estarão patentes até 30 de Junho.
Um das influências claramente identificável é a da cultura xamã, já que o pai de Kandinsky tinha raízes na Sibéria e na Mongólia. Mas além da arte popular e religiosa russa, o pintor foi também marcado pelos anos passados na Ucrânia, Alemanha e França.
“Como viajava muito e viveu em diversos países europeus, tornou-se uma figura de charneira entre a vanguarda ocidental e a vanguarda russa. Ele abriu um caminho para a arte abstrata. Foi um artista muito importante para a sua geração, mas também para aqueles que vieram depois”, refere Isabelle Vanhoonacker, da equipa do Bozar.
Entre os artistas influenciados por Kandinsky encontramos Larionov , Goncharova e Malevich. Este último criaria o movimento avant-garde Suprematisto, focado nas figuras geométricas. Mas Kandinsky também influenciou muito a corrente simbolista.
“Para se entender um artista é aconselhável conhecer o contexto em que ele viveu e no qual desenvoveu o seu trabalho. As cartas e os catálogos das exposições que ainda existem permitem acompanhar melhor a sua evolução. Mas além desse legado, tal é possível também como este tipo de exposição, que apresenta trabalhos dos colegas”, acrescenta Evgenia Petrova.
A correspondente da euronews em Bruxelas, Natalia Richardson-Vikulina, refere que “esta é a segunda exposição de Kandinsky na Bélgica, depois da que teve lugar há 100 anos e não foi muito bem sucedida. Os belgas apreciaram os quadros com paisagens, mas não os trabalhos mais abstratos. Os especialistas dizem que desta vez é provável que o público seja mais unânime”.