O termo Holodomor significa um massacre pela fome, do qual não havia salvação. Com esta palavra, os ucranianos chamam a Fome deliberadamente organizada nos anos 1932 – 1933 pelo regime totalitário de Stalin no território da Ucrânia soviética, que levou mais de 7 milhões de vidas de conterrâneos nossos, dos quais a maioria eram crianças.
A Ucrânia é o segundo maior país da Europa e era considerada «o celeiro da Europa». Na véspera da Primeira Guerra Mundial, as fazendas ucranianas camponesas e senhoriais coletavam 43% da safra mundial de cevada, 20% de trigo e 10% de milho.
Em 1919, na Ucrânia ocupada, os bolcheviques começaram a implementar uma política de “comunismo militar”. Ela previa a nacionalização da indústria, a redução das relações de mercado, e a sua substituição pela regulamentação estatal, a ditadura alimentar, a mobilização de trabalho. Os bolcheviques alcançavam seus objetivos usando métodos de terror.
Nos anos de 1921-1923, para a supressão da resistência na Ucrânia, os bolcheviques, pela primeira vez, testaram o terror com a fome, privando a população dos meios de sobrevivência.
No final de 1927, o regime adotou uma decisão de coletivizar a agricultura. Em 1931, mais de 352 mil fazendas “desapropriadas” foram liquidadas na Ucrânia. No total, cerca de 1,5 milhão de pessoas foram roubadas pelo regime comunista.
As ações do regime causaram insatisfação com a população em várias regiões da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), especialmente na Ucrânia. Aqui, os camponeses começaram a fazer a mais aguda resistência. A resistência do campesinato ucraniano cresceu de forma sincronizada com a aceleração da taxa de coletivização. O pico foi alcançado em março de 1930. Naquela época, na Ucrânia, o governo, através da chantagem e do terror, obrigou mais de dois terços das fazendas a entrarem para as fazendas coletivas (kolgosp).
Até outubro de 1931, na Ucrânia, 68% das fazendas camponesas e 72% das terras aráveis foram coletivizadas.
Na república, no verão de 1932, uma enorme onda de protestos camponeses e rebeliões de fome estavam surgindo novamente. Os camponeses que já começavam a sofrer de fome em massa, lutaram não só por suas terras, mas também por suas próprias vidas. Durante sete meses, em 1932, mais de 56% dos protestos na URSS ocorreram na Ucrânia. As fazendas camponesas começam um novo êxodo em massa de kolgosps.
Stalin exigiu que todos os problemas fossem resolvidos de uma só vez - superar a resistência dos camponeses, intelectuais e comunistas nacionais no poder, punir os desobedientes e transformar aqueles que restarem no povo «soviético». Isso só poderia ser feito através do extermínio em massa.
O Holodomor foi o resultado de uma política bem planejada do Kremlin. A primeira etapa do crime foi o confisco em massa de todos os alimentos da aldeia, e não apenas os cereais, como antes. O confisco exigia um recurso humano significativo, de modo que os funcionários do aparato do Partido Comunista e os membros credenciados dos centros industriais foram envolvidos nos requisitos.
As pessoas começaram a fugir das áreas afetadas pela fome. Então, a segunda ferramenta foi o isolamento dos afetados.
Em janeiro de 1933, o regime proíbe a partida de camponeses do território da Ucrânia e do Kuban, habitada principalmente por ucranianos.
A parte constituinte do genocídio foi o bloqueio consciente de informações sobre a fome. O horror do Holodomor foi a mortalidade extremamente elevada entre as crianças. As crianças morriam antes dos adultos.
O Holodomor levou milhões de vidas humanas. Como resultado do crime de genocídio, além do assassinato físico de milhões de pessoas, aconteceu a destruição do estilo de vida tradicional ucraniano. A fome tornou-se uma arma na destruição biológica em massa de ucranianos, para muitas décadas seguidas enfraqueceu o fundo genético do povo, e levou a mudanças morais e psicológicas na consciência dos sobreviventes.
Holodomor é um dos eventos mais importantes da história não somente da Ucrânia, mas também da história mundial no século XX, e sem entendê-lo não seria possível entender a natureza do totalitarismo e dos crimes cometidos tanto pelo totalitarismo soviético quanto nazista.
No entanto, as tentativas de negar o caráter genocida e anti-ucraniano da fome de 1932-1933 foram continuadas pelas forças que se autoproclamam como herdeiros do regime stalinista. A Ucrânia no cenário internacional continua a envidar esforços significativos para divulgar informações e reconhecer o Holodomor como crime de genocídio.
Para obter mais informações sobre esta tragédia recomendamos os seguintes sites:
http://www.holodomoreducation.org/index.php/id/158/lang/en,
http://www.infoukes.com/history/famine/,
http://www.gis.huri.harvard.edu/historical-atlas/the-great-famine.html,
http://www.faminegenocide.com/resources/findings.html,
Documentário «The Soviet Story» (2008), escrito e dirigido por Edvins Snore - https://www.imdb.com/title/tt1305871/
O filme «Bitter Harvest» (2017), diretor George Mendeluk (Canadá) - https://www.imdb.com/title/tt3182620/
O filme «Mr. Jones: A Verdade da Mentira» (2019) da diretora Agnieszka Holland (Trailer Legendado PT) - https://www.youtube.com/watch?v=adF4WroR4Is
O livro «A fome vermelha: A guerra de Stalin na Ucrânia» da jornalista e economista Anne Applebaum - https://www.amazon.com.br/fome-vermelha-guerra-Stalin-Ucr%C3%A2nia-ebook/dp/B07ZWTJ762/ref=tmm_kin_swatch_0?_encoding=UTF8&qid=&sr=
Fonte: materiais do Centro Ucraniano da Memória Nacional.