Partiu esta manhã de Naro-Fominsk, na região metropolitana de Moscovo, Rússia, um comboio humanitário para ajudar a população da região ucraniana de Luhansk a resistir às dificuldades impostas pelo conflito que se arrasta no leste da Ucrânia entre rebeldes separatistas e o governo sediado em Kiev. As informações da partida destes 280 camiões, que transportam duas mil toneladas de bens doados por moscovitas aos ucranianos, têm sido divulgadas por meios de comunicação russos e algumas dúvidas ainda pairam sobre esta iniciativa do Kremlin já em curso.
O envio deste comboio humanitário foi anunciado segunda-feira por Vladimir Putin, após o presidente russo ter falado ao telefone com o ainda líder da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, que, por sua vez, também falou sobre o tema com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko. Num comunicado publicado na página oficial da União Europeia (UE), é revelado que "o presidente Barroso sublinhou [em ambos os telefonemas] a exigência firme da UE em que seja garantida a soberania da Ucrânia, a integridade e independência territorial e o apoio à implementação do plano de paz acordado."
Por seu lado, Kiev exige que a presença dos camiões russos na Ucrânia seja coordenada pela Cruz Vermelha Internacional, o que Putin garantiu estar acordado. Contudo, não surgiu qualquer confirmação desse aval por parte da Cruz Vermelha. O governo ucraniano admite, por isso, não autorizar a entrada dos camiões russos na Ucrânia.
A última comunicação da organização de ajuda humanitária internacional, a esta altura (11h30, hora de Lisboa), é um “twitt”: “Qualquer envio de ajuda [para a Ucrânia] tem de respeitar os nossos princípios de trabalho, como a neutralidade e a independência”. Esta comunicação remete ainda para um comunicado publicado segunda-feira no site oficial da Cruz Vermelha que abre com o alerta de que "é urgente de que a ajuda chegue às pessoas de Luhansk e às de outras regiões do leste" da Ucrânia.
Garantida parece estar, contudo, a escolta do comboio humanitário, após cruzar a fronteira da Rússia para a Ucrânia, por elementos da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). Em cima da mesa, a ser estudada, está também a possibilidade de o conteúdo dos camiões russos ser transferido para veículos ucranianos na fronteira, evitando assim eventuais problemas que possam surgir com os veículos enviados por Moscovo em território ucraniano. Por outro lado, garantia-se também a verificação de toda a carga que a Rússia pretende fazer entrar na Ucrânia.
Apesar das garantias do Kremlin, Estados Unidos e União Europeia mantém alguma desconfiança sobre esta ajuda russa às povoações do leste da Ucrânia, onde se mantém a rebelião armada de grupos separatistas pró-russos. No ar, paira o receio de este ser apenas um pretexto para uma eventual intervenção militar na Ucrânia caso o comboio russo sofra algum tipo de ataque.
A bordo, entretanto, dos 280 camiões russos a caminho da Ucrânia vão produtos como, por exemplo, 400 toneladas de cereais, 100 toneladas de açúcar, 62 toneladas de comida para bebés, 54 toneladas de medicamentos, 12 mil sacos-cama ou 69 aquecedores elétricos. A viagem deste comboio estende-se por cerca de 1000 quilómetros. A entrada na Ucrânia, a confirmar-se, terá de acontecer através de postos fronteiriços controlados pelo governo ucraniano e sem qualquer presença militar russa.
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