Nos últimos dias, a situação na zona de operação antiterrorista no leste da Ucrânia caracteriza-se por novas circunstâncias e mudanças. O andamento da operação não deixava dúvidas que a concluiria em breve, e a restauração da vida pacífica nas cidades libertadas e dava esperanças de que nós venceríamos a luta não apenas no campo de batalha, mas também na conquista da simpatia dos moradores de Donbass. Nos territórios libertados restauravam-se os sistemas de suporte à vida, escolas e capacidades industriais.
A situação na região, porém, piorou rapidamente com a intervenção das Forças Armadas da Federação Russa. Para ajudar aos terroristas à partir do território russo através da área de fronteira que não controlamos, os russos entraram com equipamentos militares pesados, grandes quantidades de armas e unidades regulares do Exército. Atualmente, os mercenários e os militares profissionais russos tentam organizar uma contraofensiva. Foram ocupadas a cidade de Novoazovsk e outras povoações ucranianas.
Nosso governo admite que a situação é difícil, porém controlada. Na quinta-feira (28), o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, cancelou sua visita à Turquia e convocou uma reunião urgente do Conselho da Segurança e Defesa Nacional.
O conselho aprovou um conjunto de medidas para proteger a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, aumentando a capacidade militar das suas Forças Armadas, estabelecendo as prioridades estratégicas da política externa, de uso do potencial da indústria de defesa e do fortalecimento dos sistemas de informação e segurança cibernética da Ucrânia.
Entre outras medidas, o conselho decidiu renovar o alistamento para o serviço militar nas Forças Armadas.
Conforme as instruções do conselho, o governo da Ucrânia apresentou na sexta-feira (29) ao Parlamento um projeto de lei para cancelar o status de não alinhamento do Estado ucraniano, renovando o caminho para a adesão da Ucrânia à Otan, e impedir a integração da Ucrânia à União Aduaneira e à União Eurasiática.
Conforme o projeto da lei, o objetivo principal e único da política externa da Ucrânia é a adesão à União Europeia. Assim, esta proibida a participação em quaisquer outras uniões e alianças econômicas, políticas ou militares que contradizem esse objetivo principal e que são, de fato, nada mais do que uma nova União Soviética.
É importante que o mundo esteja ao lado da Ucrânia neste momento difícil. Na quinta, realizou-se uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU dedicada à situação na Ucrânia e também foi convocada uma sessão extraordinária da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).
Em 29 de agosto, realizou-se uma reunião extraordinária da Comissão Otan-Ucrânia, em Bruxelas, convocada a pedido de nosso país. Sábado (30) será realizada uma reunião extraordinária do Conselho Europeu sobre a situação na Ucrânia e a possibilidade de ampliar as sanções contra a Rússia.
A Ucrânia também pediu aos parceiros europeus para realizarem uma reunião extraordinária do Conselho Europeu, a nível de chefes de Estado e de governo. A parte ucraniana oficialmente apelou aos signatários do Memorando de Budapeste (Reino Unido, EUA, França, China, Rússia) para realizarem nos dias 1º e 2 de setembro, em Kiev, uma reunião a nível de ministros das Relações Exteriores.
Também na sexta, o FMI aprovou por unanimidade a decisão de conceder à Ucrânia a próxima parcela de ajuda, no valor de aproximadamente de US$ 1,4 bilhão. Além disso o governo do Japão tomou a decisão de conceder à Ucrânia ajuda de US$ 100 milhões.
Nós somos capazes de nos proteger. Mas precisamos de armas de alta tecnologia e de fortalecer a nossa unidade e solidariedade internacional mantendo a calma, pois o pânico é uma arma tão forte quanto tanques e veículos blindados. Agora a linha de batalha só está em Donbass, e não na Europa, graças aos soldados ucranianos que defendem nosso país.
ROSTYSLAV TRONENKO, 52, é embaixador da Ucrânia no Brasil