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Dia da memória das vítimas do genocídio do Povo dos Tártaros da Criméia
18 maio 2016 20:56

De 18 a 20 de maio de 1944, segundo a ordem de Moscou o povo dos tártaros da Criméia, foi acusado pelas autoridades soviéticas de colaboração com os nazistas e foi deportado de sua terra natal.

Uma das deportações mais rápidas da história mundial. A principal fase desse deslocamento forçado se realizou em três dias, começando na madrugada do dia 18 de maio de 1944 e terminando na tarde do dia 20 de maio.

De acordo com as informações do Movimento Nacional dos Tártaros da Criméia, foram deportadas ao mando de Stalin, 238.500 pessoas, dos quais 205.900 ou o equivalente a 86,4% eram mulheres e crianças.

Para essas ações de atrocidade o serviço secreto NKVD deslocou mais de 32.000 soldados.

Funcionários da NKVD entraram nas casas do povo tártaro da Criméia e anunciaram aos proprietários que por causa da traição contra a Pátria eles foram expulsos de suas casas, ou seja, da Criméia.

As pessoas tinham de 15 a 20 minutos para recolherem seus pertences, e  foram transportadas por caminhões para as estações ferroviárias, os quais foram obrigados a entrar em vagões de carga fechados e foram transportados como animais para o Oriente da ex-União Soviética. Foram enviados cerca de 70 trens com centenas de vagões.

Diante das péssimas condições de transporte, cerca de 8.000 pessoas morreram durante o trajeto, a maioria deles eram crianças e idosos. As causas mais comuns de morte foram sede e tifo.

O estado por sua vez, se apropriou de todas as propriedades que foram deixadas na Criméia.

A maioria dos tártaros da Criméia foram enviados para o Uzbequistão e áreas próximas ao Cazaquistão e Tajiquistão.

Nos primeiros anos de exílio o povo tártaro da Criméia perdeu cerca de 46,2% de sua população.

A grande maioria dos tártaros da Criméia foi transferida para os chamados assentamentos especiais – povoações cercadas por guardas armados, com postos de bloqueio e arame farpado.

Os recém-chegados eram mão de obra barata, e foram obrigados a trabalhar em fazendas coletivas estatais e plantas industriais.

Em 1948 Moscou reconheceu os tártaros da Criméia como deslocados vitalícios, e para aqueles que sem a permissão do NKVD saíssem dos assentamentos especiais, eram condenados à pena de 20 anos de prisão.

Até o ano 1957 todas as publicações em língua tártara da Criméia foram proibidas. O artigo sobre os tártaros da Criméia foi retirado da Grande Enciclopédia Soviética, e também era proibido indicar essa nacionalidade no passaporte.

As autoridades soviéticas destruíram monumentos tártaros, queimavam manuscritos e livros. No lugar das mesquitas foi aberto cinemas e lojas.

No ano de 1956 o Partido Comunista condenou abertamente a política de deportações, e em 1967 foram revogadas as acusações de traição, e em 1974 – foi revogada a proibição de voltar aos seus antigos lugares de residência na Crimeia, e em 1989 foram declarados ilegais e criminosos todos os atos de repressão contra os povos submetidos ao deslocamento forçado.

A Ucrânia desde a proclamação da sua independência assumiu plena responsabilidade, e não economizou esforços para apoiar e ajudar para que todos os cidadãos, incluindo aqueles que foram arrancados de seus lares retornassem ao seu território após a deportação.

O Estado Ucraniano com os seus próprios recursos realizou um extenso trabalho para resolver os problemas sociais e econômicos dos tártaros da Criméia e das pessoas de outras nacionalidades que retornaram à sua terra natal, a Criméia para residência permanente.

A anexação ilegal de República Autônoma da Criméia em fevereiro-março de 2014 pela Rússia provocou novamente violações significativas dos direitos humanos. Novamente os Tártaros da Criméia tornaram-se alvos de desaparecimentos forçados e raptos cometidos pelas autoridades de ocupação russas e suas gangues. Como resultado das políticas de ocupação da Rússia, mais de 20 mil tártaros da Crimeia novamente foram obrigados a deixar a sua terra natal, sua vida, sua identidade e sua história.

A ONU, a OSCE, o Conselho da Europa e outras organizações internacionais continuam a chamar a atenção de todos para os inúmeros casos de violação dos direitos humanos dos tártaros da Criméia.

O organismo da representação do povo tártaro de Criméia Mejlis recentemente foi banido na península temporariamente ocupada. Até as homenagens das vítimas da deportação estão proibidas na Rússia.

Diante de tal situação, podemos observar como a população de uma forma em geral reconhece e apoia de forma genuína o povo tártaro e ucraniano. Na semana passada, no dia 14 de maio, a cantora Jamala que representou a Ucrânia, do povo tártaro da Crimeia, ganhou o Festival Eurovisão da Canção 2016 com a música  “1944”, que conta a história dos tártaros da Crimeia que foram deportados pela ordem de Stalin. Essa vitória demostrou que o povo dos tártaros junto com o povo ucraniano estão unidos numa luta pacífica contra a agressão russa, informando a todo o mundo sobre os acontecimentos trágicos para os quais não há lugar nos países de hoje.

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