Brasil-Ucrânia
Valor Econômico, 25.01.2017
25/01/2017 às 05h00
Sobre o artigo de Daniel Rittner "Serra quer propor a Trump foco nas negociações de até dez acordos" publicado na edição de 3/1/2017 do Valor, quando ele se refere à nossa cooperação bilateral, a Ucrânia continua a considerar o Brasil como seu parceiro estratégico na América Latina. A cooperação na área da ciência e tecnologia, desde o estabelecimento das relações diplomáticas, permanece como prioridade da agenda bilateral. Por essa razão a decisão unilateral do antigo governo brasileiro de denunciar o Tratado entre a Ucrânia e o Brasil de Cooperação de Longo Prazo na Utilização do Veículo Lançador Cyclone-4 no Centro de Lançamentos de Alcântara e ainda sem consultar o Congresso Nacional que ratificou o Tratado, causou decepção e tristeza por motivo de frustração das perspectivas que este projeto abria para os dois países.
Entre as causas de descontinuação pelo Brasil desse projeto comercial deve ser citada a falta do mencionado no artigo Tratado de salvaguardas tecnológicas entre o Brasil e os Estados Unidos, de vontade política e problemas financeiros. Mas todas essas dificuldades poderiam ser superadas, se não fosse rejeitada a proposta da parte ucraniana de realizar as consultas e intensificar o diálogo, na necessidade dos quais insistiam as instituições e autoridades da Ucrânia desde quando surgiram os problemas com o projeto Cyclone-4 - Alcântara.
Sem as posições transparentes e sem diálogo, sem a disposição de cumprir as obrigações determinadas nos acordos internacionais, quaisquer que sejam as perspectivas, expectativas e parceiros, a realização dos projetos estratégicos dessa envergadura sempre tem o risco de decepcionar.
Rostyslav Tronenko
Embaixador da Ucrânia no Brasil
Fonte: http://www.valor.com.br/online/opiniao/mensagem-leitor#4846940