Prezado Sr. Magnífico Reitor Professor Dr. Jardelino Menegat,
Senhores Embaixadores, representantes do Corpo Diplomático, caros professores, estudantes e todos amigos aqui presentes,
queria, inicialmente, agradecer ao Sr. Magnífico Reitor Jardelino Menegat e o professor Christian Philip Klein que apoiaram a ideia de organizar esta exposição sobre Holodomor na Universidade Católica de Brasília.
Também queria agradecer a Universidade pela cooperação frutífera com a Embaixada nos últimos anos. Durante este tempo realizamos as palestras sobre Holodomor, Catástrofe de Chornobyl e a situação na Ucrânia depois da agressão russa.
Queria destacar que esta exposição já foi demostrada no Senado Federal em Maio de 2018, na UniCEUB em outubro-novembro de 2018 e no Conselho Nacional do Ministério Público em Maio deste ano.
Holodomor é a fome organizada deliberadamente pelo regime totalitário de Stalin no território da Ucrânia soviética nos anos 1932-1933. Esta tragédia continua a ser para muitas pessoas uma página da história desconhecida, que foi por muito tempo calada pela propaganda soviética. Com política de terror e requinte de crueldade contra o povo ucraniano regime soviético stalinista ceifou a vida de mais de 7 milhões de inocentes, tirando seus alimentos e suas reservas, deixando-os morrer de fome.
Existe a opinião, baseada nos estudos históricos de que no caso o Holodomor não tivesse sido calado e silenciado pela propaganda soviética, certamente o Holocausto, organizado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, poderia ter sido evitado. Pois o silêncio ensurdecedor dessa tragédia, e a omissão criminosa desse fato hediondo fez com que a impunidade fosse possível de outras formas, como foi o que veio a acontecer com o Holocausto.
A partir do ano de 2003, o Holodomor foi condenado como crime do regime totalitário e reconhecido, a nível nacional e local em Argentina, Austrália, Canadá, Colômbia, Equador, Geórgia, nos Estados Unidos da América, Estônia, Itália, Hungria, Letônia, Lituânia, México, Polônia, Paraguai, Peru, Portugal e Santa Sé.
No Brasil a tragédia do Holodomor como genocídio foi reconhecida também pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, nas Câmaras Municipais do Rio de Janeiro, Curitiba, Prudentópolis, Iratí, Campo Mourão, Antônio Olinto, Mafra e Papanduva – Santa Catarina.
Esta condenação também teve lugar ao nível da ONU (novembro de 2003), UNESCO (outubro de 2007), Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) (julho de 2008) e Parlamento Europeu (outubro de 2008).
O terceiro ponto da supracitada Resolução da UNESCO contém o apelo aos países membros desta organização, que eu cito em inglês: “to consider promoting awareness of the Great Famine (Holodomor) remembrance by means of incorporating this knowledge into the educational and research programmes to inculcate forthcoming generations with the lessons of this tragic page”. Este apelo ganha uma especial actualidade, quando a Europa, desde o ano 2009, honra, no dia 23 de Agosto, no âmbito do Dia Europeu de Memória das Vítimas do Nazismo e Stalinismo, a memória de todos os que sofreram em consequência destas políticas criminosas.
Queria destacar também que Artigo 506 do Compêndio da Doutrina Social da Igreja Católica diz que “as tentativas de eliminação de inteiros grupos nacionais, étnicos, religiosos ou linguísticos são determinados como delitos contra Deus e contra a própria humanidade, e os responsáveis de tais crimes devem ser chamados a responder diante da justiça”. Nesse mesmo documento, essa tragédia contra o povo ucraniano é reconhecida como GENOCÍDIO.
Alguém pode perguntar: por que são os ucranianos tão insistentes na divulgação da informação sobre estas páginas horríveis da sua história? Figuram várias respostas:
1) para lembrar os milhões das vítimas inocentes, na maioria crianças;
2) para condenar os crimes do regime soviético;
3) para restabelecer a justiça histórica;
4) para obter o reconhecimento internacional, para que esta tragédia nunca se repita no futuro.
Como última razão, aponto o facto de o drama do povo ucraniano ainda esta vivo entre os descendentes de comunidades ucranianas espalhados por todo mundo, inclusive quase um milhão no Brasil (maioria nos estados do Paraná e de São Paulo).
Atualmente existe uma serie de documentários dedicados a este tema, entre outros é The Holodomor Story que convido assistir agora.
Para finalizar. Não podemos esquecer essa tragédia, não podemos deixar a memória de inocentes vítimas do regime desumano totalitário, caso contrário, a indiferença lhes matará novamente.
Muito obrigado.