Brasília, 19 de março de 2018
A Folha de S.Paulo
Excelentíssimos Senhores,
Gostaria de chamar a Vossa atenção no uso errôneo de alguns termos no artigo “Putin é reeleito com votação recorde, e fica no poder até 2024” de Igor Gielow da edição de hoje.
Perpetrada pela Rússia, a violação deliberada do Direito Internacional durante a anexação da República Autônoma da Crimeia e na cidade de Sevastópol (Ucrânia), não tem nada a ver com a “reabsorção do território”, como se diz no artigo. Em conformidade com o Tratado sobre a criação da Comunidade dos Estados Independentes (CEI) de 08.12.1991, o Tratado de Amizade, Cooperação e Parceria entre a Federação Russa e a Ucrânia de 31.05.1997, o Tratado entre a Federação Russa e a Ucrânia sobre a fronteira estatal entre estes os dois países de 28.12.2003, a Rússia considerou e garantiu a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, incluindo a República Autônoma da Crimeia e a cidade de Sevastopol.
O fato da anexação ilegítima pela Rússia dos territórios acima mencionados foi condenado pela Resolução da Assembléia Geral da ONU No.68/262 “A Integridade Territorial da Ucrânia” de 27 de março de 2014 que instou a todos os estados, organizações internacionais e agências especializadas internacionais a não reconhecerem qualquer mudança de status da República Autônoma da Criméia e da cidade de Sevastópol (Ucrânia) e abster-se de qualquer ação ou conduta, que pode ser interpretada como o reconhecimento de qualquer mudança deste status.
Deve-se destacar que agressão contínua da Rússia contra a Ucrânia no Leste do meu pais está provocada pela política revanchista e imperialista da Federação Russa e de maneira nenhuma está relacionada com as razões étnicas ou políticas internas. Assim como os “separatistas” mencionados no material não representam ninguém, os quais na realidade são fantoches dos militares russos camuflados.
Segundo os últimos dados da própria ONU os quatro anos da agressão russa na Ucrânia custou para meu povo mais de 10 mil e 230 mortos, mais de 24 mil e 500 gravemente feridos, 1 milhão e 800 mil refugiados.
Não tendo nada em contra vossa cobertura dos assuntos políticos internos da Rússia, exijo mais respeito com a memória das vidas que foram ceifadas e destruídas por consequência da agressão russa na Ucrânia.
Atenciosamente,
/assinado/
Rostyslav Tronenko
Embaixador da Ucrânia no Brasil