A Representação Central Ucraniano Brasileira – RCUB, entidade que congrega as associações civis e religiosas representativas de meio milhão de brasileiros descendentes de ucranianos, vem manifestar-se sobre a visita de Vladimir Putin Presidente da Rússia no Brasil por ocasião do jogo da final da Copa do Mundo e a reunião dos BRICs a realizar-se em Fortaleza.
A terra dos antepassados de meio milhão de brasileiros vem sendo agredida pela República Federativa da Rússia. A Rússia anexou a península da Criméia em flagrante violação do Memorandum de Budapeste de 1994. Em 1994 a Ucrânia torna-se o primeiro e, atualmente, o único país no mundo que, voluntariamente, por sua própria iniciativa, livrou-se de armas nucleares e eliminou todas as suas ações sob controle internacional num total de mais de 300 ogivas nucleares. A condição para este passo sem precedentes em 1994 foi que a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos, posteriormente juntou-se a França e a China, como superpotências fornecessem as garantias de segurança à Ucrânia, fixadas no Memorando de Budapeste. A Rússia é um dos fiadores, se comprometeu a abster-se de recorrer à ameaça ou uso da força contra a integridade territorial ou a independência política da Ucrânia, bem como respeitar a independência e soberania e as fronteiras existentes da Ucrânia.
Em seguida a Rússia passou a realizar exercícios militares ao longo das fronteiras da Ucrânia e vem financiando separatistas e bandidos para desestabilizar o leste da Ucrânia.
A comunidade ucraniana não preconiza o afastamento do Brasil dos BRICs ou a política de abstenção em manter relações econômicas com a Rússia. Ao contrário somente o relacionamento internacional poderá trazer a Rússia, país autocrático e autoritário onde não existem plenamente as liberdades democráticas, à democracia e à civilização. Mas o Brasil no espírito de sua Constituição Federal não pode deixar de afirmar os seus princípios de não intervenção de um país nos assuntos internos de outro. A comunidade internacional através da ONU e outras cortes vêm condenando a agressão russa à Ucrânia. O Brasil não pode ficar neutro frente a agressão. O Brasil não pode continuar na política do avestruz em dissonância com a posição da comunidade internacional e sendo a pátria madrasta a meio milhão de brasileiros descendentes de ucranianos que mantém relações familiares com milhões de ucranianos. A comunidade ucraniana brasileira apela e espera que o Brasil repudie e em hipótese alguma reconheça a ocupação ilegal e anexação da Criméia pela Rússia e condene a política de agressão da Rússia à Ucrânia. A comunidade ucraniana brasileira espera que o Brasil não assine documento algum que condene as sanções aplicadas aos russos pelas potências ocidentais. Esperam-se do Brasil o reconhecimento da soberania e integridade do território da Ucrânia e a transmissão a Vladimir Putin de uma posição em consonância com a aspiração da maioria dos povos civilizados do mundo já expressos nos fóruns internacionais.
Curitiba, 11 de julho de 2014
REPRESENTAÇÃO CENTRAL UCRANIANO BRASILEIRA – RCUB