Foi inaugurada na quarta-feira (9) no Senado a exposição Ucrânia 1932-1933: Genocídio pela Fome. São 15 painéis montados na Senado Galeria (corredor de acesso ao Anexo 1) que mostram o contexto histórico e as consequências do programa de reorganização da agricultura dos estados soviéticos, durante o governo de Josef Stalin, que matou milhões de ucranianos. A mostra fica aberta à visitação do público até 18 de maio.
O embaixador da Ucrânia no Brasil, Rostyslav Tronenko, abriu o evento agradecendo a oportunidade dada pelo gabinete do senador Alvaro Dias (Pode-PR) em realizar a exposição e ressaltou a necessidade de manter as lembranças do passado.
— A solenidade de hoje é para olharmos o passado, avaliarmos o futuro e planejarmos o presente. Entre tantas coisas ruins que ocorreram no passado e que se vinculam ao presente, está, sem dúvida, o Holodomor ucraniano — disse. A palavra holodomor significa, em ucraniano, morte por fome. O termo é usado para descrever o extermínio por fome, programado pelo Estado soviético, de milhões de ucranianos no início da década de 1930.
Tronenko afirmou que o extermino de pessoas inocentes só foi possível devido à política de terror do regime soviético. Ele também culpou a repressão pela pouca divulgação da tragédia.
— Se o Holodomor não tivesse sido calado e silenciado pela propaganda soviética, certamente o holocausto poderia ter sido evitado. O silêncio ensurdecedor dessa tragédia e a omissão criminosa desse fato hediondo fizeram com que a impunidade fosse possível de outras formas, com outros países.
O embaixador lembrou que o Holodomor já foi reconhecido por dezenas de países, assim como por algumas câmaras de vereadores e assembleias legislativas brasileiras.
— Nossa comunidade conta hoje com mais de 1 milhão de descendentes espalhados por todo o Brasil e aguarda ansiosa por uma posição brasileira a respeito do reconhecimento do Holodomor como genocídio ou crime contra a humanidade.
O senador José Medeiros (Pode-MT), presente na inauguração, afirmou que a história é sempre contada pelos vencedores, que, no entanto, nem sempre contam a verdade. Ele lembrou que o tema do genocídio na Ucrânia já foi tratado em debate no Senado e elogiou a exposição.
— É importante que eventos dessa natureza ocorram para que esses fatos sempre sejam lembrados. Não somente para a Ucrânia, mas para todos os povos.
A mostra é uma iniciativa do gabinete do senador Alvaro Dias e da Embaixada da Ucrânia no Brasil. Otto Fernandes, assessor parlamentar do Senado, ressaltou que o objetivo é relembrar a tragédia e também levar mais informações sobre o acontecimento aos cidadãos.
— É uma forma de lembrar o que os ucranianos chamam de genocídio. As imagens mostram como era o país antes, durante e depois da tragédia — disse Fernandes.
Volodymyl Kokhno, representante da Embaixada da Ucrânia, explica que a exposição conta detalhes da catástrofe, também conhecida como “Holodomor, um massacre pela fome”.
— O conhecimento desse fato é importante para que isso não seja repetido nunca mais. Após o Congresso Nacional, temos a intenção de levar a exposição a outros órgãos públicos da capital — afirmou Kokhno.