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Carta da Embaixada da Ucrânia no Brasil ao Diretor de Redação da Veja
28 maio 2020 20:10

Brasília, 27 de maio de 2020

 

Ao Senhor Diretor de Redação da VEJA

Mauricio Lima

 

 

Prezado Senhor Diretor,


No dia 26 de maio de 2020, a Veja publicou o artigo “Manifestação pró Bolsonaro na Av. Paulista tem até bandeira neonazista” no qual foi feita uma tentavia arbitrária e subjetiva de interpretar o significado dos símbolos históricos e estatais da Ucrânia, inserindo-os deliberadamente na conjutura das discussões internas brasileiras.

A Embaixada da Ucrânia no Brasil categoricamente refuta a maneira tendenciosa e leviana como o artigo mencionado foi entitulado.

Aproveitando direito a resposta, consideramos que os valores de liberdade de expressão e da imprensa que as nossas nações compartilham não podem ser usadas para depreciação dos símbolos oficiais e históricos, bem como para denegrir a imagem de um país – parceiro estratégico do Brasil.

Gostaria de lhe informar que para milhões de ucranianos, tanto na Ucrânia como até mesmo no Brasil a bandeira rubro-negra simboliza a nossa terra e o sangue de nossos heróis derramado por Liberdade, Independência e Soberania da Ucrânia. Essa bandeira foi usada desde o século XVI pelos cossacos ucranianos nas lutas contra invasores estrangeiros, e por isso durante o século passado e no começo do século XXI virou o símbolo de luta dos ucranianos contra ocupação, chovinismo e imperialismo russos.

O tridente, é o brasão oficial do nosso estado desde época do Príncipe Volodymyr, que levou o Cristianismo para Rus de Kyiv no ano 988, e simboliza a Santíssima Trindade.

Esses são os verdadeiros significados da bandeira histórica e do brasão da Ucrânia.

Cabe mencionar que no ano 2015, na Ucrânia, foi aprovada a Lei “Sobre a condenação dos regimes totalitários comunista e nacional-socialista (nazista) na Ucrânia e proibição de propaganda de seus símbolos”. Por isso também o uso da bandeira vermelha e negra e do brasão da Ucrânia tanto no nosso país, como no Brasil não tem nada a ver com o movimento neonazista. Tal interpretação é manipulação predileta da propaganda russa (soviética) que continua a semear inverdades, odio, xenofobia e antisemetismo para enfraquecer a democracia nos nossos países.

Quanto aos movimentos da extrema direita na Ucrânia, não é dificil descubrir em fontes confiáveis que os seus representantes juntos conseguiram o máximo de 1,5-2% do voto popular nas últimas eleições presidenciais nos anos 2014 e 2019. O movimento “Setor da Direita” que surgiu como reação da sociedade contra interferência da Rússia nos assuntos internos da Ucrânia e virou o partido político depois da ocupação ilegal da República Autônoma da Criméia pela Rússia e começo da agressão da mesma no Leste da Ucrânia, não apresentou os candidatos durante as eleições parlamentares do ano passado.

Acreditando no apelo da VEJA em sua biografia em redes sociais como o Twitter “compartilhe verdades”, peço que o Senhor publique essa carta e consulte a Embaixada sobre assuntos da historia e da atualidade da Ucrânia.

 

Atenciosamente,

 

(assinado)

 

Rostyslav Tronenko

Embaixador da Ucrânia no Brasil

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