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«A Ucrânia pode propor ao Brasil inúmeros projetos conjuntos na área de defesa»
08 abril 2013 10:02

Entrevista do Ministro da Defesa da Ucrânia Pavlo Lebedev à Tecnologia & Defesa

Тecnologia & Defesa - O se­nhor poderia falar sobre os desafios e ameaças atu­ais; as capacidade das Forças Ar­madas para exercer a tarefa de defender o Estado no âmbito do não alinhamento; e a estrutura geral e o armamento principal das Forças Armadas da Ucrânia?

Ministro Pavlo V. Lebedev - A doutrina do nosso país é a do não alinhamento. Não pretendemos brigar com ninguém, porém não deixaremos nin­guém nos prejudicar. Somos uma na­ção que ama a paz e nós apoiamos es­forços internacionais para promovê-la. Porém, o Exército sempre deverá estar pronto para repelir qualquer ameaça.

Nosso Estado considera sua política de não alinhamento como um fator im­portante na redução das tensões na situação político-militar na região; a participação ativa em operações inter­nacionais de paz, sob a égide da ONU, OTAN e da OSCE; bem como o com­bate contra o terrorismo internacional, para contribuir para a segurança re­gional e global.

No ano passado, o presidente da Ucrânia - Comandante Supremo das Forças Armadas -, Viktor Yanukovich, aprovou um pacote de documentos conceituais na área de defesa. Na nova

Estratégia de Segurança Nacional, Dou­trina Militar, Boletim de Defesa Estra­tégica da Ucrânia e no Conceito de Re­forma e Desenvolvimento das Forças Armadas da Ucrânia, são definidos os desafios atuais e as ameaças а segu­rança nacional, as capacidades milita­res e direções para a reforma e desen­volvimento das tropas ucranianas.

As modernas Forças Armadas ucranianas são estruturalmente com­postas de um Estado-Maior, Exército, Forças Aéreas e Navais. Tropas aero-transportadas altamente móveis, uni­dade geral operacional, armamento, retarguarda, bem como unidades mi­litares, estabelecimentos de ensino, instituições e organizações da admi­nistração central. Mas, atualmente, estamos gradualmente passando para um novo modelo, mais sofisti­cado das Forças Armadas. Medidas de transformação serão implemen­tadas no âmbito do Programa Estatal de reforma e desenvolvimento das Forças Armadas para o período até 2017. Componentes importantes des­se trabalho são o aperfeiçoamento do sistema de gestão, que se baseia no princípio de liderança unificada de tropas, e a alteração do princípio de espécie para princípio interespecífico da estrutura organizacional das For­ças Armadas e outros.

Os principais exemplos de arma­mentos e equipamentos que estão em uso nas Forças Armadas da Ucrânia, são o carro de combate T-64 e suas modificações, veículos blindados de combate BTR, BMP, BRM, sistemas de artilharia com calibres principais de 122mm e 152mm, sistemas lançadores de foguetes de artilharia Grad, Uragan, Smerch, aviões de combate MiG-29, Su-24, Su-25, Su-27, e de transporte IL-76, helicópteros Mi-24, Mi-8, Mi-26, Ka-19, navios de guerra, barcos, sub­marino "Zaporozhye". As empresas do complexo industrial militar ucraniano continuam a sua modernização.

 

T&D - Qual é o grau de partici­pação da Ucrânia em operações de manutenção da paz e treina­mentos multinacionais?

Ministro Lebedev - A Ucrânia é um parceiro ativo da União Europeia e da OTAN, na área da segurança. Nos­sa história como pacificadora começou em 3 de julho de 1992, com a aprova­ção, pelo Parlamento da Ucrânia, da resolução sobre a participação de ba­talhões das nossas Forças Armadas nas forças de manutenção da paz das Na­ções Unidas nas áreas de conflito na ex-Iugoslávia. Desde então, cerca de 37 mil militares ucranianos participaram de operações de paz em diversos "pontos quentes" do mundo.

Hoje, as Forças Armadas partici­pam de várias operações de paz e se­gurança internacionais, na Missão das Nações Unidas na Libéria; na Repú­blica Democrática do Congo; na KFOR, em Kosovo; nas Forças Temporárias de Segurança das Nações Unidas no Abey; na Missão da ONU no Sudão do Sul; Forças de Paz Conjuntas na região da Transnístria, na República da Moldávia; a Força Internacional de Assistência а Segurança, no Afega­nistão; e a operação da União Eu­ropeia de combate а pirataria Atalanta. Em breve, pretendemos nos juntar а OTAN na Ocean Shield, de combate а pirataria.

Além disso, tentamos usar para treinamento das tropas o potencial dos exercícios multinacionais. Em 2012, as Forças Armadas participaram de 11 exercícios desse tipo: quatro na Ucrânia e sete no exterior. Nesses trei­namentos participaram cerca de 2.140 militares ucranianos. Este ano vamos continuara ampliar nossa participação em treinamentos multinacionais. Seis deles estão agendados para ser reali­zados na Ucrânia e 19 no exterior.

 

T&D - Com a independência, a partir da dissolução da União So­viética, a Ucrânia tornou-se a ter­ceira potência em arsenal nucle­ar do mundo. Seu governo, no en­tanto, decidiu eliminar essas ar­mas do país. O senhor poderia re­velar mais detalhes sobre isso?

Ministro Lebedev - A contribui­ção da Ucrânia para processo global de desarmamento nuclear é exemplo singular no mundo inteiro. Foi o nos­so país que, pela primeira vez, levan­tou a questão de recusa completa de armas nucleares e foi por esse cami­nho até o fim, superando as dificulda­des políticas, econômicas e sociais. Os fundamentais "princípios de recusa de armas nucleares"; "não aceitar e não fabricar ou adquirir ar­mas nucleares" foram estabelecidos na Decla­ração de Soberania Es­tatal da Ucrânia, em 1990. Gostaria de des­tacar que a Ucrânia era a terceira potência mundial com seu arsenal nuclear (ver box), cedendo espaço somente para Rússia e Esta­dos Unidos.

A etapa prática de desarmamento nuclear começou com a sua retirada do território da Ucrânia, até o final de maio de 1992, de armas nucleares tá­ticas. O envio de mísseis balísticos para a Federação Russa durou de 1994 até 1996. Em 2 de junho de 1996, a Ucrânia tornou-se completamente livre de ar­mas nucleares. Em 1999, para a Rússia foram transferidos 11 bombardeiros estratégicos capazes de transportar tais armas e o restante desses aviões foi desmontado. Há apenas duas ae­ronaves desse tipo, preservadas como peças de museu.

Em 2001, a Ucrânia colocou o pon­to sobre o "i" com a eliminação do último sistema de lançamento em silo de mísseis balísticos intercontinentais SS-24. Com assistência financeira dos Estados Unidos (dentro do programa Nann-Lugar) e da Federação Russa, desempenhou papel importante na implementação oportuna dessas me­didas. Hoje, a Ucrânia é um exemplo de uma política coerente e equilibra­da no âmbito de desarmamento nu­clear e de não proliferação dessas ar­mas. Isso é confirmado pela total ob­servância do nosso compromisso de retirar do nosso território as reser­vas de urânio altamente enriquecido e pela participação ativa em iniciati­vas internacionais para garantir o de­sarmamento nuclear global. A ativi­dade do nosso país nesse contexto foi muito apreciada pela comunidade internacional, durante a Cúpula de Seul sobre Segurança Nuclear, em março de 2012.

 

Denominação de arma nuclear

Quantidades em 01.01.1992

Mísseis balísticos intercontinentais baseados em silo PC-18 (SS-18 Satan)

130

Mísseis balísticos intercontinentais baseados em silo PC-22 (SS-24)

46

Bombardeiros estratégicos Ty-160

19

Bombardeiros estratégicos Ty-95MC

25

 

 

T&D - O com­plexo industrial-militar ucraniano hoje. As perspecti­vas de desenvolvi­mento, marcos impor­tantes e seus clientes.

Ministro Lebedev - Anos após a independência da Ucrânia, o conjunto industrial militar herdado da União So­viética sofreu muitas transformações. Um passo importante foi a criação, em 2010, do Complexo Estatal Ukro-boronprom, que envolveu mais de 130 empresas. Hoje, a Ucrânia tem capa­cidade de criar e produzir veículos blindados competitivos, armas de alta precisão, peças de artilharia, navios de guerra, veículos militares, meios de navegação, de comunicação e guerra eletrônica.

Nossa indústria de defesa tem um grande potencial para a modernização e reparos de armas e equipamentos, em particular, aviões. Empresas ucranianas de aviação realizam mo­dernização de aeronaves de combate MiG-29 e Su-27, de instrução L-39, e de helicópteros de ataque Mi-24. Pro­jeto promissor de grande escala na indústria da aviação é a aeronave de transporte militar nacional An-70.

Está sendo realizada a moderniza­ção dos nossos blindados T-64B para o padrão Bulat. Modernizado, o veículo tem um sistema de mira avançado e novas armas, incluindo mísseis guia­dos. Está previsto modificar o sistema de controle de fogo do T-64B para per­mitir tiros guiados de 125mm Combat.

Também no futuro próximo, a in­dústria de defesa ucraniana planeja começar uma modernização profunda nos veículos de patrulha e reconheci­mento BRDM-2, que serão equipados com módulos de combate modernos, meios de inteligência e controle de fogo. Um dos passos importantes para o desenvolvimento de carros de com­bate é o Oplot (ver T&D nº 96), cuja capacidade de combate e desempenho corresponde ao nível dos melhores pa­drões mundiais.

Recentemente, foi lançado o novo blindado de produção nacional BTR-4E. No futuro, ele poderá ser uma platafor­ma universal de base para mísseis anti­aéreos e sistemas de armas especiais. O motor ucraniano colocado no BTR foi testado sob temperaturas extremamen­te altas no Iraque e provou suas quali­dades. Continua o desenvolvimento gra­dual das empresas de defesa na área de produtos rádio-eletrônicos. Temos a produção de ciclo fechado de equi­pamento de radar, mísseis anticarro e mísseis de médio alcance ar-ar, arma­mentos com alta tecnologia.

Durante os treinamentos experi­mentais de pesquisa de comando e pessoal Perspectiva 2012, no outono passado, foram realizados testes de munição de alta precisão de produção doméstica, de 152mm, projetada para destruir veículos blindados, postos de comando e outros alvos protegidos e pode ser aplicada em sistemas de ar­tilharia modernos. Espera-se que ela se torne altamente competitiva nos mercados mundiais, uma vez que, por suas características, ela é melhor do que congêneres estrangeiras, mais po­derosa, menor e mais leve. Gostaria de destacar que, atualmente, somen­te alguns países detêm a tecnologia de produção deste tipo de arma. Outros, obtiveram a tecnologia por licença.

 

T&D - Como pode ser imple­mentada a cooperação entre a Ucrânia e o Brasil na área de defe­sa? Há alguns projetos especiais que seu país gostaria de oferecer?

Ministro Lebedev - Podemos co­meçar muitos projetos promissores na área de defesa. Em particular, a parti­cipação da Ucrânia no reequipamento da Marinha do Brasil, através da cons­trução de modernas corvetas e barcos de patrulha, fabricação e fornecimento de modernos veículos blindados, avi­ões de transporte militar, o desenvol­vimento de mísseis e sistemas de mís­seis de artilharia, bem como a coope­ração na área de defesa aérea em par­ticular, a produção de estações de ra­dar, modernização dos sistemas de mísseis de defesa aérea, e muito mais.

Projetos conjuntos podem ser implementados no âmbito do Acordo entre o Gabinete de Ministros da Ucrânia e o Governo da República Fe­derativa do Brasil, sobre cooperação técnico-militar, de 25 de outubro de 2011, que prevê a criação da Comis­são Conjunta Ucraniano-Brasileira de Cooperação Técnico-Militar.

 

T&D - Um dos principais pro­gramas do Ministério da Defesa do Brasil diz respeito а construção de sistemas de defesa aérea. A Ucrânia tem uma vasta experiên­cia nesse campo. É possível trans­ferir a tecnologia de fabricação desses sistemas para as empre­sas de defesa do Brasil?

Ministro Lebedev - Hoje em dia, nos mercados mundiais de armas, a ven­da de equipamento militar pronto está desacelerando gradualmente, abrindo espaço para a venda de tecnologias de defesa e a criação de "joint ventures". Essas tendências são típicas para a Ucrânia. São questões complexas e são consideradas levando em conta inte­resse de organizações governamentais e entidades empresariais da Ucrânia. Elas podem ser objeto de discussão no âmbito da comissão citada.

 

T&D - Qual é sua opinião pes­soal sobre a República Federati­va do Brasil e que mensagem gos­taria de enviar?

Ministro Lebedev - As relações entre nossos países têm caráter estraté­gico. O Brasil é um bom amigo, parceiro confiável e estável da Ucrânia no conti­nente sul-americano. Hoje, o Brasil, com seu povo talentoso, grande história e cul­tura é um dos principais "players" glo­bais e nós estamos orgulhosos de nossa amizade. Tenho a satisfação de desta­car que as relações entre os nossos pa­íses atingiram um nível qualitativamente novo. Eu desejo que essa cooperação continue a desenvolver-se rapidamente e permaneça mutuamente benéfica. O avanço no nosso diálogo vai promover os interesses comuns em muitas áreas, inclusive na defesa. Sinceramente, eu desejo sucesso ao Brasil, com suas ini­ciativas importantes de governo e, аs pessoas, felicidade e prosperidade!

Tecnologia & Defesa №132, Pavlo Lebedev, Ministro da Defesa da Ucrânia

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