Інтерв’ю Голови Державного Космічного Агентства України Юрія Алексєєва виданню «Технологія і Оборона» № 135 (мовою оригіналу)
A Agência Espacial Nacional da Ucrânia (SSAU) é uma das mais reconhecidas e atuantes do mundo. Com poder de um ministério no governo do país, ela coordena todas as atividades espaciais, desde o desenvolvimento e produção de pequenos componentes até sistemas complexos, como veículos lançadores e satélites, além de gerenciar os serviços e a cooperação internacional, uma parte fundamental no desenvolvimento da atividade espacial ucraniana. Tecnologia & Defesa entrevistou, em Kiev, o presidente da SSAU, Yuriy Alexeyev. Formado pela Universidade Estatal de Dnipropetrovsk, ele foi um dos iniciadores e líderes de uma série de veículos lançadores como os da família Cyclone e o Zenit, assim como de mísseis balísticos intercontinentais SS-18 e SS-24, tendo gerenciado programas internacionais como o Dnepr, Sea Lauch e Land Launch. Nos últimos anos, Alexeyev conduziu importantes programas de cooperação internacional, tais como o Plano de Cooperação Ucraniano-Chinês para 2006-2010, os Programas de Cooperação Ucraniano-Russo para 2007-2011, assim como acordos bilaterais e projetos de desenvolvimento conjunto com as agências espaciais da França (CNES), União Europeia (ESA), Estados Unidos (NASA) e Alemanha (DLR). A SSAU trabalha conjuntamente com a Agência Espacial Brasileira no projeto Cyclone-4 através da binacional Alcântara Cyclone Space (ACS). Para conhecer o status de desenvolvimento desta parceria e outras perspectivas de cooperação acompanhe abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao jornalista Kaiser David Konrad.
Tecnologia & Defesa - Qual foi o total integralizado pela Ucrânia no capital da ACS? Quando e qual valor a Ucrânia planeja integralizar?
Yuriy Alexeyev - Até o presente momento, no âmbito do financiamento conjunto Brasil-Ucrânia para o Projeto Cyclone-4, a Ucrânia já integralizou no capital da ACS US$ 221.415.597,00. Até o final de 2013 planeja-se uma nova integralização no valor de US$ 22 milhões.
T&D - Qual é o estágio atual da fabricação do Cyclone-4 visando o primeiro lançamento? Quando se planeja a entrega do foguete no Brasil?
Alexeyev - No presente momento está sendo concluído na Ucrânia o desenvolvimento do veículo lançador Cyclone-4. Nessa fase foi executada toda a documentação de construção; encontra-se em fase final a fabricação das unidades; agregados e sistemas experimentais; bem como a base terrestre experimental. No âmbito geral, o Cyclone-4 está concluído em 78%. Foram terminados o desenvolvimento das unidades, agregados e sistemas dos estágios I e II do lançador. Do total, já foram fabricados pela Yuzhmash mais de 400 partes e unidades de montagem do veículo para o primeiro lançamento. O prazo previsto de entrega no Brasil do Cyclone-4 para o primeiro lançamento
é a partir de dezembro de 2014.
T&D - Quais medidas foram tomadas visando a proteção do meio ambiente durante o lançamento desde Alcântara?
Alexeyev - Essas medidas podem ser divididas em tecnológicas-construtivas, organizacionais e soluções técnicas.
No tocante às decisões tecnológica construtivas:
· O desenvolvimento do Cyclone-4 e o aperfeiçoamento das partes integrantes dele como um todo foi realizado considerando um dos principais requisitos do Termo de Referência para o Desenvolvimento do Veículo Lançador, ou seja, prover a segurança do meio ambiente durante o lançamento desde o Centro de Lançamento de Alcântara;
· Utilização do mínimo possível de conexões e prover a estanqueidade levando em consideração a experiência das empresas Yuzhnoye e Yuzhmash na criação de mísseis balísticos intercontinentais, que podiam ficar em regime de prontidão por mais de 25 anos;
· Acoplamentos automáticos das redes de utilidades dos equipamentos tecnológicos com as redes do foguete, o que exclui a possibilidade de derramamentos de componentes do propelente, tanto antes quanto depois do lançamento, bem como em caso de cancelamento de lançamento;
· Utilização no esquema pneumohidráulico do foguete, de circuito fechado de drenagem dos vapores que processa o lançamento de vapores na atmosfera, bem como, com a utilização no complexo de lançamento do sistema de coleta e neutralização dos vapores do propelente e dejetos industriais;
· Utilização de membranas protetoras, filtros e dispositivos de fechamento automático que excluem a possibilidade de derramamentos de propelente no meio ambiente;
· Utilização de sistema de bloqueio para excluir derramamentos de propelente durante as operações de abastecimento;
· Utilização de “dampers” de segurança para o bloqueio do fornecimento de gás em caso de funcionamento incorreto, etc.
No tocante às medidas organizacionais:
· Cumprimento dos requisitos técnicos normativos e das normas e instruções de operação;
· Inclusão na documentação de operação dos sistemas, conjuntos e agregados de uma relação de situações de emergência que podem levar à eliminação de substâncias nocivas ao meio ambiente.
No tocante às medidas técnicas:
· Salas equipadas com sistemas de controle de gás que contemplam em si o sistema de controle de vapores do propelente e sistema de controle da concentração de oxigênio;
· Prédios equipados com sistemas de combate a incêndios.
T&D - Como o setor espacial da Ucrânia planeja parcerias com empresas brasileiras para o desenvolvimento e fabricação de equipamentos?
Alexeyev - Durante os muitos anos de cooperação entre a Yuzhnoye e as principais empresas e organizações do setor espacial brasileiro foi apresentada uma série de ideias relacionadas ao desenvolvimento da parceria Brasil-Ucrânia e estabelecimento de uma cooperação não apenas do âmbito do Cyclone-4, mas também para outros segmentos de interesse. Entre os anos de 2009-2013 desenvolveu-se ativamente a parceria com vários representantes do setor espacial brasileiro, tais como AEB, INPE, ITA, UnB, e várias reuniões no Brasil e na Ucrânia com as referidas organizações, com apoio e participação direta da Agência Espacial Brasileira.
Como resultado foram traçados os principais direcionamentos para possíveis parcerias entre empresas e organizações brasileiras envolvendo o desenvolvimento conjunto de tecnologias para a propulsão líquida; desenvolvimento de lançadores e seus estágios separados; capacitação de especialistas e engenheiros para diferentes áreas de aplicação; desenvolvimento de veículos de meteorologia com propulsão híbrida; e desenvolvimento de tecnologias para satélites. A Yuzhnoye possui uma série de propostas direcionadas a cada segmento de parceria, e está aberta para diálogos visando estabelecer as parcerias com empresas brasileiras do setor espacial no âmbito de projetos científicos aplicados, o que pode abrir novas perspectivas científicas e tecnológicas para os dois países.
T&D - A Ucrânia tem um bom exemplo de transferência de tecnologia na criação do satélite EgyptSat. O esse projeto que deu ao Egito a possibilidade de desenvolver tecnologias e criar seu próprio satélite?
Alexeyev - Em outubro de 2001, foram divulgados pelo Departamento Nacional de Sensoriamento Remoto e Ciências Espaciais da República Árabe do Egito os resultados da licitação, da qual participam Inglaterra, Rússia, Ucrânia e Coréia do Sul, referentes ao projeto, fabricação, lançamento, capacitação e transferência de tecnologia para o satélite EgyptSat-1. A licitação foi vencida pelo Escritório de Projetos Yuzhnoye, integrante da Agência Espacial da Ucrânia. Os trabalhos realizados pelas empresas ucranianas levou o EgyptSat-1 para a órbita solar em abril de 2007, a uma altitude de 668 km, por meio do veículo lançador Dnepr. Na etapa inicial, pela falta de preparação da base terrestre, a operação do satélite foi realizada por especialistas ucranianos. A partir de março de 2008, o controle e o recebimento das informações foram transferidos para a estação terrestre do Egito. Após o processo de capacitação técnica, feita por nós, em fevereiro de 2009 os especialistas egípcios passaram a operar o satélite. O principal objetivo do programa de transferência de tecnologia era criar centros de pesquisa e projetos, bem como mão de obra capaz de projetar, fabricar e operar o sistema espacial de sensoriamento remoto da Terra com o uso efetivo de recursos locais. Ao longo dos trabalhos, o órgão de coordenação nacional de sensoriamento remoto do Egito recebeu tecnologia espacial por meio de capacitação e recebimento de documentos e modelos. Ao longo do processo do EgyptSat-1 foram capacitados mais de 80 especialistas egípcios. De acordo com a especialização e local de realização dos trabalhos, a capacitação ocorria nas melhores empresas e organizações do setor espacial da Ucrânia nas cidades de Dnipropetrovsk, Kiev, Kharkiv, Zaporizhia, Lviv e Yevpatoria.
T&D - No Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul, está criando um polo espacial para o desenvolvimento de pequenos satélites. Como a Ucrânia poderia colaborar nesse projeto?
Alexeyev - Em nossa opinião, a Ucrânia pode colaborar bastante na criação de um polo para o desenvolvimento de satélites de pequeno porte no Brasil. A principal empresa do segmento espacial da Ucrânia, Yuzhnoye, em cooperação com as demais, detém o conhecimento de todas as tecnologias de desenvolvimento, fabricação, testes e operação de voo de satélites modernos de pequeno porte para diferentes finalidades e está pronta a prestar consultoria aos especialistas brasileiros no tocante à criação do referido centro. Além disso, a Yuzhnoye pode desenvolver um projeto e prestar seus serviços visando à criação de uma empresa no Brasil de alta tecnologia para o desenvolvimento de técnicas espaciais com a definição de sua estrutura e recomendações quanto aos equipamentos operacionais e de testes a serem adquiridos. Visando a capacitação de especialistas, a Yuzhnoye poderia realizar cursos sobre diferentes aspectos da criação de satélites. Junto a isso, é possível dar continuidade à capacitação já na prática, em um processo de desenvolvimento conjunto de uma plataforma moderna para satélites de pequeno porte. Para tanto, a Yuzhnoye está pronta para transferir a tecnologia necessária e o conhecimento, bem como organizar a fabricação de unidades específicas da plataforma em uma empresa do Brasil, a qual vai se tornar expoente em seu País, atuando no setor que mais progride e desenvolve a indústria de ponta, acelerando outros segmentos técnicos e científicos.
T&D - O Governo brasileiro vem divulgando o programa “Ciência sem Fronteiras Aeroespacial” que se concentra nos segmentos da aviação e espaço. Como a Ucrânia poderá dar suporte a esse programa? Quais instituições e universidades farão parte?
Alexeyev - O programa “Ciência sem Fronteiras” prevê bolsas de estudos para que estudantes brasileiros possam estudar em diferentes países detentores de tecnologias nos segmentos da aviação e espaço. A Ucrânia, integrante de um seleto grupo de detentores da tecnologia espacial no mundo, pode ser considerada uma das preferidas para a parceria com o Brasil no setor de pesquisas espaciais e formação aeroespacial. Para isso, já foram dados alguns passos importantes como o acordo de cooperação entre a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Nacional de Dnipropetrovsk; o recebimento de dez estudantes brasileiros para um período de capacitação de oito meses; seminários para esses brasileiros na principal empresa do setor espacial da Ucrânia, a Yuzhnoye, com a participação dos seus maiores especialistas; e o envio de dois professores da Faculdade Física-Técnica da Universidade de Dnipropetrovsk para lecionar em Brasília.
A parceria entre Brasil e Ucrânia pode se estender ainda para a preparação de especialistas para a indústria espacial em instituições de nível superior da Ucrânia de perfil aeroespacial (Universidade Nacional de Dnipropetrovsk, Universidade Nacional Aeroespacial “Instituto de aviação de Kharkiv”, e outros.); participação em trabalhos de pesquisa e científicos no setor; organização conjunta de conferências, exposições, seminários, intercâmbio de cientistas, especialistas e professores; apoio na edição de uma literatura técnica específica no Brasil que reflita a experiência da Ucrânia no segmento; e realização de cursos de consultoria e capacitação para diferentes assuntos no âmbito de projetos conjuntos.